Todos os meios de comunicação veicularam o trágico episódio ocorrido em Realengo até a exaustão. Valeram-se de termos diversos para desqualificar o causador e incitaram a opinião pública a julgar e a perseguir sob a máscara do papel informativo. O senso comum não tem o discernimento suficiente para separar a boa matéria; ele a tudo assume como verdade e sequer sabe diferenciar um psicótico de um psicopata. Aqueles que tinham a palavra, contudo, e a envergadura para contribuir em algum esclarecimento, nada fizeram além de prestar um deserviço. Não houve uma análise satisfatória da situação. Uns acharam por bem contextualizar; outros quiseram dar receitas para evitar futuros eventos similares; houve quem se aproveitasse para fazer campanha, para adotar medidas repressivas com as prerrogativas da segurança. Por fim, só pudemos assistir a desgraça alheia sendo explorada de forma vil, e a desfaçatez da comoção forçada de quem estava indiferente a tragédia.
Então elegeram o bullying, palavra do momento, como culpado. E mais uma vez a Imprensa saiu-se mal: adotou modelos e distorceu conceitos. Bullying é um nome diferente, inglês, mas que não existia há anos atrás; serve para definir a execração de uma ou mais pessoas por seus colegas de escola. Pois bem, acreditam que a Justiça poderá dar conta de punir seus executores. E eu pergunto: como? Colocando crianças e adolescentes atrás das grades? Estabelecendo multas? Será que a demência dessa sociedade é tanta que não a faz ver que bullying é um problema de Educação? Que é no próprio colégio que nasce e deve morrer o tal do bullying? E, assim mesmo, o bullying pode não desaparecer. Afinal, bullying não se manifesta somente no colégio e de forma evidente. Ele pode ser velado, silencioso. E aí, haverá Justiça que dê jeito?
O assassino de Realengo foi chamado de animal, e outra questão que se interpõe é: acaso a atitude de colocar a cabeça de alguém no sanitário e dar descarga é digna de seres humanos? Isto não foi dito. A vítima do bullying pode ter uma predisposição a sérios comprometimentos psiquiátricos, e como cada um reage de uma maneira, deu no que deu. Mas os homens de ação tratam o efeito como causa. Os pais e o colégio não assumem a responsabilidade da educação das crianças e seu peso recai sobre os professores. Agora, o jeito é remediar uma sociedade que está doente. Wellington foi apenas um sintoma.
Um comentário:
Gostei do texto e principalmente do tema.
Certa pessoa me disse uma vez que o bullying tb parte dos professores... Concordo plenamente! Se a autoridade máxima em sala de aula se acha no direito de zuar ou tratar de forma excludente ou preconceituosa aluno A ou B imagina as crianças e adolescentes... Não que elas sejam inocentes. Não! Crianças podem ser muito más principalmente quando não são orientadas corretamente...
Pelo menos o caso Wellington serviu para despertar o debate sobre o tema só não sei até quando...
Em relação a imprensa, essa modinha sensacionalista me enoja...
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